sábado, 3 de maio de 2014



DIFERENCIANDO A SURDOCEGUEIRA DA DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA.

A surdocegueira é uma deficiência única em que o indivíduo apresenta ao mesmo tempo perda da visão e da audição, independente do grau da perda auditiva  e visual. É a limitação que se caracteriza por sérios problemas relacionados com a comunicação com o meio, orientação,e à obtenção de informação. A  surdocegueira pode ser congênita ou adquirida. É uma condição única que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez, conforme nos afirma Lagati (1995) quando nos diz que Surdocegueira é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez.

Para ser considerada uma pessoa com deficiência múltipla, esta deve ter mais de uma deficiência associada. “É uma condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o funcionamento individual e o relacionamento social” (MEC/SEESP, 2002).




       A pessoa com surdocegueira demonstra habilidade reduzida para prever eventos futuros, contudo, durante o processo de comunicação o interlocutor tem a função de antecipar o que vai acontecer, provocar o estímulo, se comunicar, confirmar se está interpretando as informações e a todo momento comunicar o que acontece ao seu redor . No entanto se a comunicação de fato, não for determinada na infância, o surdocego ao tornar-se um adulto poderá apresentar  comportamentos inadequados para se comunicar.

         A pessoa com deficiência múltipla apresenta características especificas e peculiares e, consequentemente, com necessidades únicas. Nesse contexto de acordo com o fascículo orientador do MEC(2002), faz-se necessário contemplar dois aspectos importantes: a comunicação e o posicionamento.

Na comunicação: A questão da comunicação se refere às pessoas que têm como característica a necessidade de ter alguém como mediador do  contato com o meio. As interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem procurar respeitar a individualidade e a dignidade de cada sujeito com deficiência múltipla. Diante dessa situação, faz-se necessário definir o estabelecimento de códigos comunicativos entre o deficiente múltiplo e o receptor. Dessa forma, esse mediador terá a responsabilidade de ampliar o conhecimento de mundo ao redor dessa pessoa, proporcionando-lhe  independência e consequentemente qualidade de vida na interação e comunicação. O surdocego precisa desse mediador bem próximo enquanto a pessoa com DMU terá o apoio de um dos canais só que mais distantes.

No posicionamento: É importante trabalhar uma boa adequação postural. Valorizar desde a questão de colocar o aluno sentado na cadeira de rodas a sentar-se em uma cadeira comum. Podendo também ficar deitado de maneira confortável em sala de aula para que possa fazer uso de movimentos  ou de gestos com os quais se tenham a intenção de comunicar-se e participar das atividades propostas. É importante dispensar atenção no tocante aos movimentos posturais da cabeça da pessoa com essas particularidades, pois esta, irá tentar buscar o melhor ângulo de visão, aproveitando seu resíduo visual, inclinando-a ou levantando-a. Através desses movimentos ela pode estar adequando sua postura.

Conforme nos afirma o fascículo cinco: Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010), é através do corpo que o homem descobre o mundo e a si mesmo, portanto é fundamental  favorecer o esquema corporal ao trabalhar as necessidades específicas das pessoas com surdocegueira e com Deficiências Múltiplas. Para que estas pessoas possam se auto perceber e se sentirem parte do mundo exterior. Elas devem buscar a sua verticalidade, equilíbrio postural, a articulação e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular, se capacitando dia a dia para se sentirem sujeitos de suas histórias.
           
           Os alunos com surdocegueira ou DMU necessitam de um mediador para trazer as informações de maneira integral e coerente, de forma que se torne imprescindível fazer uso de sistemas adequados de comunicação;       utilizar gestos ou movimentos com os quais tenham a intenção de comunicar-se e desfrutar das atividades propostas, proporcionando assim o uso dos quatro elementos necessários para que  aconteça a comunicação, contemplando o emissor ou locutor; o receptor; o tópico; e o meio de expressá-lo.         Proporcionar  permanente interação do aluno com o meio, estimulando-o em constante contato com objetos, estimulação do tato, pessoas, espaços sinalizados em diferentes linguagens, antecipando as atividades do seu cotidiano escolar ou social. Utilizando, dessa forma, diversos sistemas de comunicação: exemplos destes são: caderno de comunicação, objetos de referência, caixa de antecipação, sistema de calendários, pranchas de comunicação.

REFERÊNCIAS:




          Bosco, Ismênia Carolina Mota Gomes.A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar : surdocegueira e deficiência múltipla / Ismênia Carolina Mota Gomes Bosco, Sandra Regina Stanziani Higino Mesquita, Shirley Rodrigues Maia. - Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial ; [Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Educação Infantil Estratégia e orientações pedagógicas para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais: Dificuldades Acentuadas de Aprendizagem. Deficiência Múltipla. Brasília: MEC/SEESP, 2002


        BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R.Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla(2010).